Amigos Leitores, como todos sabem, sou uma pessoa um tanto vinho, por esse motivo, as vezes, quando posto determinados assuntos, existem pessoas de nossa audiência que nem sabem sobre o que estamos falando. Um bom exemplo, seria eu tentar explicar sobre a importância de um curso de datilografia na década de 80! Motivo de desempate a favor para qualquer um durante uma seletiva para emprego! Mas, os tempos mudaram, só não mudou mesmo, foi o nosso velho layout padrão do teclado, que tem sua origem baseada nas máquinas de escrever! Confira esse ótimo artigo sobre o que esperar dos teclados modernos que eu li na Peopleware e veja como evoluimos e quem sabe, veja onde podemos chegar!
Quando
Bill Buxton trabalhou no centro de investigação da
Xerox,
examinou os telefones feitos por crianças: dois copos ligados por um
fio. Pense bem: o copo usa o mesmo “hardware” para entrada e saída de
som. Porque é que, perguntou Buxton, o mesmo princípio não se pode
aplicar ao texto nos computadores – usando um só dispositivo para
entrada e saída de texto, em vez de um teclado para entrada e um ecrã
para saída.
“Muitas das grandes descobertas estão mesmo debaixo do nosso nariz”, afirma.
”Muitas das coisas que emergem como novas têm as suas raízes em acontecimentos do passado - e em alguns casos, num passado muito distante”. Antes de olharmos para o futuro dos teclados, vamos olhar para a sua evolução.
Buxton não era o único com esta ideia. Umas décadas mais tarde, uma
série de investigadores e grandes orçamentos de investigação resultaram
nos teclados
touchscreen dos tablets e smartphones. Entradas e
saídas na mesma interface. O teclado foi fundido com o ecrã, pelo menos
para algumas tarefas computacionais.
Mas tal como todos os que já escreveram num teclado virtual – ou
falaram para uma aplicação de controlo por voz como a Siri, podem
comprovar que nenhum destes métodos de entrada se compara a um teclado
tradicional, em termos de conforto, velocidade e precisão. Talvez um dia
consigamos ligar os computadores aos neurónios, mas até lá, o simples
mas funcional teclado electromecânico estará entre nós, sempre a
melhorar.
Buxton, agora um guru do design na
Microsoft Research,
ainda examina teclados antigos cuidadosamente, à procura de truques
esquecidos e tecnologias que poderão resultar em novas ideias acerca da
introdução de informação num computador.
Olhando para o passado
A evolução do teclado não é uma cronologia imaculada. As contribuições para o seu
look & feel
e tecnologias de base provêm, às vezes, de modelos anteriores e de
outros tempos, de um canto escondido no universo do inventor.
Os primeiros dispositivos relacionados com os teclados modernos datam do século XIX. Em 1852, John Jones
patenteou um “tipógrafo mecânico” e, 15 anos mais tarde, Christopher Sholes recebeu a
patente
para uma “máquina de escrever” – considerada a primeira máquina de
escrever. Alguns aspectos dos teclados destas máquinas influenciaram
muito o design dos teclados modernos.
“A máquina de escrever [teclado] tinha todo o tipo de
funções. A tecla “Shift” era mesmo muito grande pois era necessária uma
grande área para empurrar e puxar o carreto”, explica David Hill, Vice Presidente do departamento de Design e Experiência de Utilizador na fabricante de computadores
Lenovo.
“Era preciso uma vantagem mecânica”.
Uma das maiores influências no teclado moderno foi a máquina de escrever
Selectric da IBM. A empresa lançou o
primeiro modelo
da sua máquina de escrever electromecânica em 1961, numa altura em que a
capacidade de escrever rápido e com precisão era um requisito muito
procurado.
A máquina de escrever Selectric, da IBM.
Dag Spicer, curador sénior do
Computer History Museum, denota a proeminência dos modelos
Selectric, os administradores adoravam o toque do teclado, dada a preocupação da IBM em torná-los ergonomicamente confortáveis.
“A IBM tem, mais do que qualquer pessoa ou entidade, procurado a ergonomia (de teclado) que melhor satisfaz o utilizador”,
explica Spicer. Por isso, quando o PC apareceu uma ou duas décadas mais
tarde, o Selectric já era visto como a base para o desenho de teclados.
No fim dos anos 70, empresas como a Cherry, Key Tronic e a divisão
Micro Switch da Honeywell apareceram com novas abordagens imitando o
toque mecânico de uma máquina de escrever. “Era muito importante, na
altura, o toque, a fiabilidade e a velocidade atingidas com um
determinado desenho do
switch“, explica Craig Gates, CEO da
KeyTronicEMS.
Os primeiros switches de teclado
Um dos primeiros teclados de computador do princípio dos anos 70 incorporava
reed switches,
que funcionam com um íman e dois filamentos de metal. Quando o campo
magnético está suficientemente perto, empurra simultaneamente os dois
filamentos e completa o circuito – ou, neste caso, um caracter.
O teclado Key Tronic usava reed switches para gravar caracteres.
Mas os filamentos são frágeis, tais como os de uma lâmpada convencional e por isso estes teclados
reed
não eram muito fiáveis. Se se estragassem, desalinhassem ou ficassem
sujos de pó nos pontos de contacto, o teclado deixava de funcionar. Ao
contrário das lâmpada convencionais, as teclas individuais não eram
fáceis de se substituir. Além disso, estavam sujeitas a micro-vibrações
que abriam e fechavam o
switch várias vezes em cada caracter,
enganando o computador pois parecia que a mesma tecla tinha sido premida
várias vezes. Este problema das micro-vibrações é ainda corrente, mas
os micro-processadores conseguem filtrá-las.
Por isso, no fim dos anos 70, explica Gates, os
reed switches deram lugar a teclas que seguiam um princípio magnético chamado o
Hall Effect.
Estes teclados, fabricados pela Micro Switch e outros, não usavam
pontos de contacto físico em cada pressão de tecla, mas sim magnetismo,
que pode ser menos preciso mas não requer quaisquer partes mecânicas.
Entretanto, a Key Tronic, ansiosa por deixar os
reed switches, desenvolveu um
switch
capacitivo, que colocava um pouco de alumínio por baixo do cimo da
tecla. Quando a tecla era premida, a dobra alterava a capacidade
eléctrica do circuito e o micro-processador registava a tecla. A ideia
foi logo melhorada com os teclados de membrana, que simplificavam os
mecanismo de capacidade eléctrica por baixo da tecla e reduziam custos.
Reduzir o hardware, cortando custos
Embora os materiais pareçam baratos, os teclados eram muito caros no
início dos anos 80. Um teclado típico como o Key Tronic e o Micro Switch
custavam cerca de $100, contrastando com os $3 ou $4 dos teclados OEM
actuais. Para cortar custos num mercado competitivo, os fabricantes
procuraram formas de cortar em hardware, mas garantindo que o cimo das
teclas, peso das teclas, equilíbrio, base e distância entre as mesmas,
eram familiares para os dedos do utilizador final.
Teclado Micro Switch.
Isto obrigava à avaliação do hardware que possibilitava o movimento
da tecla para cima e baixo. O ponto de “clique” é um dos conceitos mais
importantes de uma tecla, de acordo com Aaron Stewart, um engenheiro de
desenho sério apelidado de “Sr. Teclado”. No ponto em que a tecla
“clica”, o cérebro regista a introdução de um caracter e o dedo é
recolhido. Lembrem-se da primeira vez, do choque de tocar num teclado
touchscreen
sem esse feedback físico. Adicionalmente, os fabricantes de teclados
têm de considerar a resistência da tecla, permitindo o descanso do dedo
sobre a tecla sem a premir, mas também tem de ser suficientemente
sensível para não ser necessário premir com muita força cada tecla.
Em 1978, a IBM
patenteou o mecanismo de tecla “
buckling spring”
que simulava o toque dos velhos Selectrics. O mecanismo usava uma mola
presa a superfícies não paralelas debaixo da capa da tecla. A mola
encolhia normalmente quando premida mas “prendia” de lado no ponto de
“clique” devido à superfície não paralela, criando um “clique” familiar
ao som do popular teclado Modelo M da IBM e de outros teclados antigos. A
porção da mola que ficava presa activava o circuito e gerava um
caracter.
O mecanismo de mola do teclado da IBM em 1978.
Mas o corte nos custos ajudou a descobrir novas
formas de suspender a tecla,
no caso da IBM e outros fabricantes. Cúpulas de borracha, que funcionam
com o mesmo princípio de “clique” como um desentupidor, e
scissor switches (mecanismo de tesoura
),
tornaram-se populares no fim dos anos 80 e princípio dos anos 90. Parte
do objectivo destes novos designs era reduzir a distância entre teclas.
O conforto e a velocidade de escrita depende da distância entre teclas
em cada caracter. Reduzir fracções preciosas de milímetros melhorou a
experiência de escrita para muitos utilizadores.
Um teclado de cúpula de borracha.
“Comparando com exemplos histórico, os desktops e notebooks actuais têm cerca de 40% menos distância entre teclas”, afirma Hill, da Lenovo. Escrever em teclados cúpula de borracha e mecanismo de tesoura é mais silencioso.
Os modelos eram também mais baratos de se produzir, de acordo com
Gates, e estes dois tipos de molas ainda são a base da maior parte dos
teclados do mercado. Actualmente, as teclas
scissor switch são
usadas em portáteis e teclados finos, incluindo aqueles em “chiclete”
dos portáteis da Apple. A cúpula de borracha mais alta é tipicamente
encontrada em teclados comuns de desktop e usam uma estrutura em
“chaminé” para estabilizar a tecla.
Teclado com mecanismo em tesoura, scissor switch.
Como qualquer tecnologia passada, ainda há entusiastas que acreditam nas velhas molas da IBM . No entanto, os teclados com
switches mecânicos têm renascido, fruto da necessidade dos utilizadores sentirem feedback táctil.
Mais fino, mais leve… numa só mão?
Hoje em dia, fazer um portátil com um grande teclado não é tarefa
fácil. Os designers têm em conta uma estrondosa quantidade de matemática
e análise de hábitos até chegar a distâncias e posições muito precisas
entre as teclas, sendo exactamente aquelas que o nosso cérebro espera,
correndo o risco de teclar mais devagar e com mais erros. Entretanto, os
factores ergonómicos devem ser pesados com as dimensões, peso e outras
considerações práticas de design, explica Stewart da Lenovo.
Teclado de ultrabook.
As teclas côncavas guiam os dedos para o seu centro, mas esta forma
torna mais difícil fabricar portáteis finos. Um teclado requer uma
fundação sólida, mas o material adicional pode resultar em mais peso.
Por outro lado, a redução de materiais no teclado deixa espaço
para micro-processadores e baterias maiores. Stewart apelida a soma de
todos estes factores de desenho, um alvo em movimento.
Os fabricantes tentam constantemente cortar em custos e construir
teclados mais pequenos – mas as pessoas querem consistência nos seus
teclados, pois é a fundação da sua interacção com o computador. Uma
empresa pode optimizar todos os mecanismos e circuitos debaixo da capa
da tecla, mas se resultar numa experiência de escrita pobre, as pessoas
não vão comprar o produto. Os fabricantes de teclados têm de pesar o
valor da inovação com o impacto ergonómico.
Por agora, Stewart acredita que o intervalo de inovação se estende apenas ao espaço por baixo da capa da tecla.
“Com a tecnologia actual, achamos que há um limite finito para criar [teclados finos e de alta qualidade]“, afirma.
Naturalmente, alguns tentam provar que Stewart está errado. Uma empresa chamada Pacinia – comprada pela fabricante de touchpads
Synaptics em Junho – quer substituir as
“tesouras” e “cúpulas” (
scissors e domes)
com um novo tipo de sensor capacitivo. A empresa espera apresentar
protótipos comerciais em meados de 2013. Agora chamada tecnologia
Synaptics’
ThinTouch, conseguirá metade da distância de viagem das teclas de um MacBook Air, de acordo com a empresa.
A Apple não tem estado a dormir neste campo: em Fevereiro deste ano
patenteou
o seu próprio teclado super fino. Outros fabricantes de hardware estão
entretanto a trabalhar nos teclados touchscreen que a Apple ajudou a
popularizar. O fãs de teclados touch queixam-se da falta de feedback
físico e então, empresas como a Immersion, estão a incorporar mecanismos
vibratórios de feedback.
Uma tecnologia chamada
Tactus
está a seguir uma abordagem diferente usando “botões” de micro-fluidos –
são pequenas bolsas de líquido na superfície do ecrã, estando cheias
apenas quando é necessário escrever. Quando não estão a ser usada,
esvaziam, desaparecendo da superfície. O CEO da Tactus, Craig Ciesla,
espera que a empresa consiga trazer ao mercado um produto em meados do
próximo ano.
A tecnologia Tactus aumenta os botões a serem carregados.
Embora pareça muito futurista, uma das tecnologias base do Tactus é
já antiga. Ciesla explica que os micro-fluidos já existe há umas décadas
em indústrias como a da biotecnologia e impressoras de computador.
“Estamos apenas lançá-la de uma forma única e nova”, afirma.
Rumando numa direcção completamente diferente está a
Twitch Technologies,
desenvolvendo acessórios como um par de teclados de mão que envolvem as
margens esquerda e direita dos tablets. Os dedos escrevem na traseira
do dispositivo e os polegares à frente, e usam-se combinações para
introduzir caracteres – por exemplo, carregando o dedo mindinho esquerdo
e indicador direito resulta num “A”.
É difícil imaginar uma re-invenção do esquema do teclado, mas mesmo
os teclados de uma só mão sem letras têm raízes no passado. Quando o
inventor Doug Englebart apresentou “The Mother of All Demos” em 1968 –
uma apresentação das tecnologias de computação que ainda hoje são
usadas, como o rato e a videoconferência – demonstrou um teclado com 5
cordas, que produziam letras com diferentes combinações de dedos.
O problema é que, tal como Buxton da Microsoft aponta, quando é
implementado um novo teclado, o utilizador tem de aprender a teclar de
novo. Mas pode valer a pena. [
Fonte]